De ti tenho apenas pequeníssimas
e suaves lembranças,
farpas azuis entrelaçadas no tecido
tênue da memória:
o topete de garoto, o olhar
sonolento, a seda das mãos.
E teu cheiro macho, tua voz,
teus dedos, tua língua, tua espada
a penetrar-me por todos as
fendas nas horas breves da madrugada.
O resto é apenas penumbra,
paredes brancas, verdes janelas,
E meu corpo ganindo de desejo a
oferecer-te águas e montes,
planícies e desfiladeiros, ladainhas e gritos e esse
doído silêncio.
Ana Maria Rosa
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