sexta-feira, 11 de maio de 2012

Tenho medo da morte...

                                                                                   Foto: divulgação

Por Orisa Gomes
Não exatamente da morte, mas da inconveniência dela
Tenho medo que não respeite o meu tempo
E chegue em hora inoportuna
Ah, a hora certa...
Posso me ver aos 102 crente que o tempo passou rápido demais
Tantos lugares para ir
Pessoas por conhecer
Amor por sentir
Amizade por fazer...
Para ser sincera, pouco penso na morte
Mas quando acontece me angustia
Ela que espere a vontade o momento certo de ser bem vinda
Provavelmente rindo da minha cara
Por saber que também não posso contar com a conveniência dela
Na falta de opção
Esforço para aceitar sua divindade sem mágoa
Até me parece Razoável
E de que forma consigo isso?
Talvez esquecendo o amanhã
E vivendo o hoje como quem chupa uma manga madura
Até o caroço ficar branco
Se a rotina me permite saborear uma fruta?
Bom, se me lembrar de carregar uma sempre comigo
É possível que sim!
Poderei sentir o seu gosto doce
Enquanto ando pelas ruas
Diante do sorriso de um estranho
Da gentileza de um motorista
Ao ouvir aquela música especial
Que toca no celular e substitui o som das buzinas
Ou da piada de um colega de trabalho nas horas mais tensas
Por que não durante a ligação inesperada de alguém que ame?
Ou do “eu te amo” que há muito queria dizer a minha mãe
E saiu quase sem querer em meio a conversa por telefone?
Sim, eu posso sentir o bom gosto da vida
Enquanto aproveito a intensidade de uma amizade de infância
Que surgiu nos últimos dias...
E ao invés de me questionar por quê gosto tanto de alguém que mal conheço
Saboreio esse sentimento sem pressa
Deve ser essa a maneira simples e possível de se viver para valer!
Claro, sem me esquecer que a morte existe
E que mais cedo ou mais tarde acaba chegando
Só que quando ela ousar aparecer
Quero ter boas razões para encará-la de frente
E dizer que se voltasse a nascer
Faria tudo de novo
E que se tivesse um pouquinho de paciência
Faria muito mais!

5 comentários:

  1. Esse forma de brincar com a morte e rir da vida dos versos. De vivê-la até o máximo que a manga pode dar... Carpe Diem! Esse é o lema dos "poetas mortos". Herança dada aos "quase vivos". Beleza de poesia.

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  2. Carpe Diem! Que este seja o nosso lema de todo o sempre :) Feliz por saber q gostou, criança.

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  3. Carpem Diem é exatamente a questão seguinte: "viver de forma intensa e sem arrependimentos". Afinal, só temos que nos arrepender do que não fizemos; do que fizemos, jamais.
    Quanto a morte: quando ela chegar, sempre chegará na hora errada, pois sempre haverá algo que gostariamos de ter feito, por mais intensa que tenha sido a nossa vida. A sensação de incompletude sempre será constante.
    Por outro lado, ser eterno deve ser "um saco". O bom mesmo é desafiarmos a vida com nossas "meninices" enquanto não chega a morte. E exatamente por saber que ela inevitavelmente chegará, vivamos intensamente como se a vida fosse eterna.
    Beleza de poema! Parabéns!!

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    1. Obrigada, pernambucano arretado de baino. rs Belas palavras!

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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