Foto: Wikipedia
Por Gutho Oldack
É dia de Iemanjá na Bahia, 02 de fevereiro de 2012. Dia das águas e greve da
policia militar do estado. E os baianos, esperançosos que são, insistiam em
fingir que nada acontecia. E em
Santo Amaro , ainda os resquícios do famoso convite de
"Dona Canô chamou, eu vou!"
Hoje, me assustei, me admirei, me perguntei o que realmente está acontecendo.
Primeiro, as notícias nas mídias, depois os telefonemas e SMSs relatando sobre
a situação em que nos encontramos.
Hoje, me assustei, me admirei, me perguntei o que realmente está acontecendo.
Primeiro, as notícias nas mídias, depois os telefonemas e SMSs relatando sobre
a situação em que nos encontramos.
Em seguida, no trabalho, os celulares
dos e das colegas não paravam de tocar:
filhos, cônjuges, pais, mães, amigos etc, todos preocupados querendo notícias
e relatando o mísere estado em que se encontravam as ruas do centro da Princesa.
Arrastões, correria, furtos e roubos e toda uma algazarra no coração da cidade e em alguns bairros. O Sertão se instalando em plena quinta-feira sem mesmo ser feriado.
Medo, tristeza, olhos arregalados, ais e outras tantas exclamações tão obsoletas, tidas como mortas e passadas, vinham longas nas bocas de quem sabia das notícias.
Há muito não via tanto medo expressado nos olhares dos feirenses, súditos orgulhosos de viverem na terra "formosa e bendita", o cantado Paraíso de Erisman,
de Alana Freitas, de Ana Dória, de Zélia, de Sheila Lima, de Iderval Miranda e Roberval Pereyr. De Jonson Dias e de Carlos Henrique Carneiro, de Leni Davi, meus amigos e amigas.
filhos, cônjuges, pais, mães, amigos etc, todos preocupados querendo notícias
e relatando o mísere estado em que se encontravam as ruas do centro da Princesa.
Arrastões, correria, furtos e roubos e toda uma algazarra no coração da cidade e em alguns bairros. O Sertão se instalando em plena quinta-feira sem mesmo ser feriado.
Medo, tristeza, olhos arregalados, ais e outras tantas exclamações tão obsoletas, tidas como mortas e passadas, vinham longas nas bocas de quem sabia das notícias.
Há muito não via tanto medo expressado nos olhares dos feirenses, súditos orgulhosos de viverem na terra "formosa e bendita", o cantado Paraíso de Erisman,
de Alana Freitas, de Ana Dória, de Zélia, de Sheila Lima, de Iderval Miranda e Roberval Pereyr. De Jonson Dias e de Carlos Henrique Carneiro, de Leni Davi, meus amigos e amigas.
Mesmo assustado, me fiz de corajoso e fui ver a cidade como estava, dentro do meu carro devidamente fechado, é claro. O ar ligado, Maria Rita interpretando uma antiga música do baiano Caetano... "... menino do rio, calor que provoca arrepios..." Tudo a ver com o momento. Pus o som no repeat e fui pela Getúlio Vargas até o Sim, depois do viaduto que atravessa a Av. Contorno. Um misto de tristeza e euforia tomaram conta de mim. Nunca tinha observado tão bem como a Getúlio Vargas é belíssima, com suas imponentes vitrines coloridas e suas ainda poucas casas, como diria Cecília, "amáveis... casas amáveis.
Me dei a ousadia de parar o carro bem no meio do viaduto e observar a Contorno, e a vi estranha, sem carros, caminhões. A BR que contorna toda a Princesa parecia uma rua de bairro nobre: morta!
Não passou um carro se quer por mim,
para buzinar, me dizendo que eu estava errado de parar naquele lugar. Me senti
tão livre e tão só. Ninguém para reclamar direitos de trânsito, nenhum guarda
municipal com seu talão fabricante de multas. Um frio. A solidão é gélida.
Percebi isso naquele momento.
Fiz o retorno, passei pelo viaduto mais uma vez e voltei pelo lado oposto da Getúlio. Deserta. Nenhuma alma viva, e quando assombrava alguém, era de longe, com pressa, passos firmes e desconfiando do meu carro que se aproximava.
Maria Rita ainda cantando... "de eterno flerte, adoro ver-te."
Finalmente eu vi realmente o que é viver no Sertão. Eu que troquei o mar de Salvador pela "bem nascida entre verdes colinas, sob o encanto de um céu azulado",
arremato a famosa frase e digo, do meu jeito já cidadão feirense, que o sertanejo, antes de tudo, é um sozinho... um solitário.
Reparo as ruas, os poucos carros e parcas pessoas que ainda passam e ouço Maria Rita ainda no repeat..."Eu canto prá Deus proteger-te"... E eu triste e feliz por tamanho Sertão poetisando a Princesa e junto com Erisman entoando o verso que diz..."Do futuro és a linda esperança".
Fiz o retorno, passei pelo viaduto mais uma vez e voltei pelo lado oposto da Getúlio. Deserta. Nenhuma alma viva, e quando assombrava alguém, era de longe, com pressa, passos firmes e desconfiando do meu carro que se aproximava.
Maria Rita ainda cantando... "de eterno flerte, adoro ver-te."
Finalmente eu vi realmente o que é viver no Sertão. Eu que troquei o mar de Salvador pela "bem nascida entre verdes colinas, sob o encanto de um céu azulado",
arremato a famosa frase e digo, do meu jeito já cidadão feirense, que o sertanejo, antes de tudo, é um sozinho... um solitário.
Reparo as ruas, os poucos carros e parcas pessoas que ainda passam e ouço Maria Rita ainda no repeat..."Eu canto prá Deus proteger-te"... E eu triste e feliz por tamanho Sertão poetisando a Princesa e junto com Erisman entoando o verso que diz..."Do futuro és a linda esperança".
Volto para casa e, no caminho, finalmente desligo o repeat do som do carro e
paro ao lado da Igreja Senhor dos Passos. Desligo o carro, olho para o prédio
da Prefeitura e ouço, pela última vez, os versos de Caetano na voz de Maria
Rita...
Tudo o que sonhares
Todos os lugares
As ondas dos mares
Pois quando eu te vejo
Eu desejo o teu desejo...
Tudo o que sonhares
Todos os lugares
As ondas dos mares
Pois quando eu te vejo
Eu desejo o teu desejo...
Gutho(r), dia 02 de fevereiro... dia
de festa no mar.
Eis a proesia (prosa entrelaçada com poesia) de Gutho... Narrativa de uma experiência tragicopoétia.
ResponderExcluirMaravilha.
O belo no trágico. Goste demais desse texto!
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